(Aditamento à Ata da 13ª Sessão, em 20 de março de 1997)

ADITAMENTO:

O Plenário aprovou solicitação do Ministro Antonio Carlos de Seixas Telles no sentido de registro em ata dos termos da carta lida pelo Ministro Carlos Eduardo Cezar de Andrade, a seguir transcrita:

"Prezado amigo Cezar de Andrade,

Somente agora, dias após ter recebido a honrosa carta do Presidente FERNANDO HENRIQUE, e de muito refletir sobre os episódios que abalaram a mim e à minha família nesses últimos quase 16 meses, entendi a justiça e os desígnios de Deus.

Diria hoje que mais valem a solidariedade, o carinho, a amizade e o reconhecimento dos amigos e conhecidos e, até mesmo, surpreendentemente, o reconhecimento da própria mídia, do que todos os valores materiais que se possa obter em vida.

Em sua primeira carta para o então jovem aluno recém chegado à Escola Preparatória de Barbacena, em 1949, meu pai citava, como paradigma para minha trajetória futura, os versos de ouro de Pitágoras que certa vez lera para mim:

"Os bens e honrarias fáceis de adquirir, são fáceis de perder".

Confesso que nesse penoso período de 16 meses cheguei a duvidar desta máxima, não pela perda de honrarias e de bens materiais que não a senti, mas pela perda dos valores mais sagrados da vida de um homem, sua honra e seu nome, herança maior para os descendentes atuais e para os das gerações futuras.

Somente com a carta do Presidente e sua repercussão na mídia, no meio militar e dentre amigos e parentes, aprendi que mesmo a honra imaculada e a reputação conquistadas a despeito dos riscos e desafios administrativos em uma vida pública de mais de 46 anos, são fáceis de perder, quando do jogo dos interesses políticos, ideológicos e, principalmente, econômicos.

Assim ao agradecer as manifestações de apoio e de carinho, registro que, com o coração contente e com o regozijo da justiça recebida, sinto-me hoje um homem muito mais compreensivo e próximo de Deus.

Com um forte abraço

Mauro José Miranda Gandra

Rio 16.03.97".